Uma das nossas grandes preocupações quando temos um filho alérgico, é a ida para a escola.
No meu caso, já tinha tomado a decisão de colocar a minha filha num infantário muito antes do diagnóstico. Eu já tinha a data de regresso ao trabalho marcada, por isso tratei da inscrição bem cedo. O diagnóstico coincidiu exatamente com a entrada na escola, quando ela tinha 6 meses. Eu poderia ter mudado de ideias e voltado atrás, mas decidi ir em frente. A alternativa melhor era ficar comigo a tempo inteiro, mas eu tinha de trabalhar.
Tratei das declarações médicas, do medicamento de SOS, e tive uma conversa com a educadora da Sara sobre os cuidados necessários, sintomas possíveis de reação alérgica, o que fazer em caso de emergência, e pedi para passar a informação a todas as outras funcionárias da escola que interagiam com a Sara.
Durante o primeiro ano e segundo ano, não tive grandes preocupações com a ementa semanal da escola. O almoço para bebés até dois anos de idade não tinha nada de especial e a Sara sempre comeu igual aos colegas. Só os lanches é que tinham de ser adaptados. Eu levava o leite, a papinha e a bolacha dela.
No início deste ano letivo verifiquei que a ementa já tinha mais variedade, alguns pratos que podiam ter alergénios ou derivados, e então senti que devia fazer mais alguma coisa para que a Sara continuasse a fazer as refeições dela com os coleguinhas sem problemas e riscos desnecessários.
Quando lhes falei a primeira vez sobre a situação da Sara, disseram-me que o nutricionista da escola estava à disposição para falar comigo e ajustar o que fosse preciso nas refeições dela. E foi em Setembro que achei que era altura de ter essa conversa. Correu muito bem e ele elaborou um plano com alternativas para a Sara, nos dias da semana em que houvesse algum alimento proibido. Essa ementa alternativa está com a educadora, na cozinha da escola, e as refeições vêm identificadas para não haver confusão. E outra coisa muito importante, é que ela come sempre com os colegas, não é excluída de nada.
Continuo a levar o que é necessário para alguns lanches, porque algumas coisas continuam a ser específicas, como o leite e as bolachas. Mas há outros lanches em que ela come o mesmo que os colegas, como pão, sumo de laranja natural, frutas.
Os meus conselhos para quem está preocupado com a escola são os seguintes:
– Visite várias escolas, conheça as instalações e fale com alguém da direção. Pergunte diretamente se estão preparados para receber uma criança com alergias e quais as alternativas que oferecem. Repare se estão dispostos a ouvir a situação, se mostram preocupação e vontade de ajudar.
– Tenha em conta a proximidade da escola relativamente à sua casa ou ao seu local de trabalho. Pode haver alguma situação em que seja preciso ir buscar a criança rapidamente.
– Entregue atestados/declarações médicas a quem for necessário, leve os medicamentos de emergência com a respetiva receita e um documento que explique os procedimentos a realizar no caso de haver uma reação alérgica.
– Estabeleça uma relação de confiança com as educadoras e auxiliares que cuidam diariamente da criança. Nós temos direito a fazer todas as recomendações possíveis e imaginárias, mas tudo vai funcionar melhor se houver confiança e trabalharmos em conjunto.
– Leve todos os objetos e material da criança devidamente identificados, principalmente o que é utilizado na alimentação, para não haver trocas com os colegas.
– Procure saber com antecedência quando vão fazer alguma atividade na sala relacionada com comida, sejam aniversários, épocas festivas, etc. Fale com a educadora para saber qual a alternativa para não excluir a criança dessas atividades.
E connosco tem funcionado assim. Se Deus quiser, ela fica nesta escola até aos 6 anos, e se a cura não vier até essa data, depois terei mais um quebra-cabeças para resolver.
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